As notas soltam-se, no inicio, inseguras. Depois, com firmeza, libertam-se cada vez mais altas preenchendo o silêncio com uma alegre melodia. Os olhos seguem a pauta, antecipando as notas; os seus dedos percorrem as teclas do piano alegremente ao mesmo tempo que um sorriso lhe ilumina o rosto, numa crescente satisfação. O “Hino da Alegria” (9ª Sinfonia de Beethoven) ecoa pelo espaço, atravessa as paredes materializando-se num arrepio que percorre os braços, a espinha, invade o peito, o corpo, o espírito, paralisando os pensamentos, os movimentos…o tempo…
Quando termina, preciso de alguns segundos para voltar à realidade, abrir os olhos, despegar-me daquele êxtase para o qual me deixei levar…
Os nossos olhares cruzam-se. Não lhe distingo bem a expressão. Tenho a visão turva, mas sei que espera uma reacção.
- Gostaste?
- Lindo! Podes tocar outra vez?
Fecho os olhos e de novo, deixo-me ir.
Escrita muito límpida. Parece que seguimos a cena e a vemos, nem que seja com os olhos da alma...
ResponderEliminarA pergunta que a criança faz deve encher o coração da Mãe...
Caro Anónimo
ResponderEliminarObrigada pelo seu comentário. Que bom poder transportar o leitor para a nossa realidade! (prova que o objetivo do blogue e está a ser conseguido).
Na verdade, cada gesto, expressão ou pergunta do nosso filho enche-me o coração, pois representa mais uma conquista.